sexta-feira, 20 de abril de 2018

UM CAMINHO ATÉ SER MÃE

É engraçado.
Eu lembro de, nas minhas memórias mais antigas, brincar de ser mamãe. Sempre com alguma boneca, trocando roupas e me orgulhando de ter utensílios como mamadeira e fralda de pano.
Me sentia pronta e com o aparato necessário para cuidar daquela criança imaginária.
Fui crescendo  e, aos poucos, me dei conta que ter filho era algo sério. Que exigia tanto esforço quanto responsabilidade.
Decidi pensar melhor se queria.
Enquanto ia pensando... na adolescência me sentia cada vez menos atraída por bebês. Pareciam tão frágeis que me sentia incapaz de cuidar ou proteger.

Curiosamente há três anos atrás comecei a trabalhar em uma escola e precisei “driblar” o medo e enfrentar aqueles pequenos gigantes que conseguiam me intimidar com apenas um olhar. Passei um ano intenso aprendendo mais sobre bebês de 1 ano até crianças de 6.
Nesse período, sem planejar, engravidei. Inicialmente foi um susto...misturado com aquele sentimento de “será que consigo?”.
Não tinha muita noção de como planejar ou me preparar para, finalmente, ser mãe do meu bebê real. E é verdade quando nos alertam que não há receita. Você pode estudar...ler muitos livros...se informar sobre os riscos para evitá-los. Mas nada prepara para a emoção. Nada prepara para o amor. Nada prepara para a dor.

O Bento nasceu saudável gordinho e muito amado. Quando olho pra ele hoje parece que a experiência na escola estava me introduzindo para uma vida que seria muito mais intensa e desafiadora. E quando falo de desafios...não estou falando sobre as noites mal dormidas ou as muitas roupas que – de repente – lotam sua máquina.

Os desafios são internos. Nos detalhes que mudam a nossa rotina. No desapego com nosso eu. Nas crises solitárias onde pensamos “será que estou acertando?”. No esforço para manter a calma e sorrir. No choro solitário no banho. No redescobrir o corpo e entender que já não somos mais as mesmas. Na vontade de abraçar mesmo quando sabemos que os filhos erraram. Nos mimos que ‘fingimos’ não fazer. Nos pensamentos de ‘arrependimento’ que juramos não ter.

Meu caminho como mãe tem sido de constante reflexão. Sempre pensei muito sobre tudo. Sempre fui aquela pessoa ‘encanada’. Que gosta e quer entender o que sente, quer entender o outro, quer entender porque tudo acontece como acontece.
Mas se tem algo que não temos o controle é “sobre nossos filhos”. Mesmo pequeninos já demonstram características de personalidade. Já tem preferências com alimentos. São calorentos ou friorentos. São calmos ou mais agitados. E conforme vamos entendendo isso, nos moldamos e ajustamos a eles. E isso acontece sem que percebamos.

Aos poucos eles, que são um pouco de nós, nos transformam em um pouquinho deles. E é nesse ponto, quando vemos a ingenuidade e como a vida pode, e deve, ser simples, que a mágica acontece.

As dores somem, o medo também. De repente estamos completas.
A maternidade não é sobre ser sempre feliz e realizada. É sobre, ainda que imperfeita e com tanto para aprender , conseguir preencher um ser humano de amor. E para amar não é preciso ser perfeita.

Basta amar! 

 Autora: Marcela Torres Monteiro Mazzoni

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