sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

USO DE FÓRMULA INFANTIL E AS ALERGIAS

Nos dias de hoje, têm se tornado cada vez mais freqüentes os casos de bebês com alergias alimentares, e os pais tem se preocupado cada vez mais com essa situação, tentando pensar formas de impedir que seus filhos venham a fazer parte desse grupo.
 
Foto: "Se liga saúde"
Após o nascimento, quando os bebês ainda estão nas maternidades, muitas vezes a criança passa a fazer o uso de fórmula infantil (por diversas razões), servindo como uma forma de suplementação à amamentação.

De acordo com o estudo “Primary Prevention of Cow´s Milk Sensitization and Food Allergy by Avoiding Supplementation With Cow´s Milk Formula at Birth” publicado em outubro de 2019, 312 bebês foram avaliados com o objetivo de determinar se evitando a suplementação com a fórmula do leite de vaca no nascimento poderia diminuir os riscos de sensibilização à proteína do leite de vaca e/ou alergia clínica a alimentos que incluem alergia ao leite de vaca. Os resultados mostraram que os riscos de sensibilidade ao leite de vaca e alergia alimentar foram reduzidos quando se evitava o uso com fórmula infantil, durante os três primeiros dias de vida dos bebês.

O leite materno possui a “composição” perfeita para alimentar o bebê e ajudá-lo na sua adaptação e crescimento. Além disso, seus componentes contribuem também para que o sistema imunológico se desenvolva corretamente.

Dessa forma, é importante ressaltar que o uso de fórmulas de forma rotineira deve ser evitado e a avaliação de seu uso deve ser cautelosa.

O uso de leite artificial deve ocorrer em último caso, preferindo-se ofertar o próprio leite materno ordenhado quando possível ou fórmula infantil especial.

Investir na amamentação é algo que muitas vezes demanda cuidado por parte das mamães, pois muitas sentem desconfortos, e podem apresentar algumas dificuldades durante o processo. Apesar disso, quando conseguem alcançar seu objetivo, é muito prazeroso e recompensador!

A maioria das mulheres passa por algum tipo de dificuldade durante o processo de amamentação. Isso não é motivo de vergonha, nem de se sentir menos mãe. Faz parte!
É importante lembrar que existem formas de lidar com esses problemas e que existem profissionais capacitados para auxiliar na resolução deles. Se você se encontra nessa situação, mande-nos uma mensagem e agende um horário com nossa especialista em amamentação.

Autora: Cristina Volcov - Ms. Enfermeira Obstetra

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

CONSUMO DE PLACENTA: ESSA PRÁTICA É RECOMENDADA?


O consumo de placenta após o parto é uma prática que vem sendo difundida recentemente, porém muito pouco se fala a respeito de seus malefícios. Por isso, separamos algumas informações super importantes a respeito do assunto, publicadas por Sarah Hollister, sobre as implicações que isso traz à saúde.
A placenta é encapsulada e ingerida após o parto.  Essa “moda” é difundida como sabedoria ancestral, mas na realidade, surgiu nos anos 70 e passou a ser mais conhecida em 2005, quando se tornou mais popular.

Mas afinal, quais são as implicações? Seguem algumas:

Atraso no início da produção do leite
Geralmente o leite materno “desce”, o que chamamos de apojadura, entre 48 e 72 horas após o parto. 
Isso acontece, pois após a saída da placenta no parto, um hormônio chamado de progesterona tem queda de seus níveis, permitindo que outro hormônio, a prolactina, responsável pelo aumento da produção de leite, aumente seus níveis.

Quando a mulher ingere a placenta após o parto, passa a inibir a prolactina e por sua vez a produção adequada de leite. Algumas mulheres mantém a produção de leite suficiente mesmo com as alterações hormonais mas muitas podem vir a enfrentar dificuldades com a amamentação.

De acordo com a especialista, os comprimidos de placenta suprimem a oferta de leite materno em aproximadamente 50%.

Não há benefícios nos índices de ferro nas mulheres que consumiram placenta encapsulada
É o que concluiu-se em um estudo realizado em 2016 por Gryder et al.

Mudanças no estado hormonal
As cápsulas de placenta retém dois hormônios que permanecem ativos após todo o processo de desidratação e encapsulamento. São eles a progesterona e o estrogênio. Ingeri-los pode alterar o estado hormonal da mulher.

Dessa forma, a mulher se expõe à outros riscos, como é o caso do tromboembolismo por aumento de estrogênio, semelhante ao que ocorre durante o uso de anticoncepcionais combinados.

Indicação como inibidor de desenvolvimento de depressão pós-parto

A mulher que está no processo conhecido como blues puerperal não está incluída no diagnóstico de depressão pós-parto. Muitas mulheres defendem que a ingestão de placenta impede que desenvolvam o problema. Porém os hormônios presentes durante a gravidez no organismo de uma mulher devem permanecer lá somente durante essa fase específica.

Não há comprovação científica que confirme o funcionamento da ingestão para esse fim, pelo contrário, como os hormônios ingeridos influenciam na produção de leite materno, a mulher pode vir a desenvolver problemas de amamentação e piorar seu estado emocional, podendo assim levar à uma depressão pós-parto.

Há ainda conseqüências para o recém-nascido:
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças emitiu um alerta com relação à um RN que desenvolveu infecção após ter sido amamentado por sua mãe que ingeriu placenta contaminada. Esse é mais um motivo para evitar a ingestão de cápsulas, evitar o encapsulamento e ingestão de patógenos infecciosos.

Tendo dito isso, é importantíssimo que a mulher seja empoderada e protagonista de todas as decisões de seu trabalho de parto e pós-parto, porém é vital também entender que precisamos de comprovação científica para apoiar algumas práticas. No caso, tendo em vista a comprovação de tantos malefícios, recomendamos que a prática seja evitada.

Autora: Cristina Volcov - Ms. Enfermeira Obstetra
Esse texto foi baseado no artigo de Sarah Hollister, RN, PHN, IBCLC