Engravidei aos 25 anos de meu primeiro filho. Enfim iria realizar meu maior sonho: ser mãe. Assim que descobri a gravidez, meu mundo mudou. Estava com apenas 4 semanas, mas estava ansiosa para comprar roupinhas, os itens para o quarto, saber o sexo e decidir como seria o grande momento, o parto.
Desde que descobri que estava grávida
comecei a curtir páginas nas redes sociais que falassem sobre o assunto,
pesquisar em diversos meios sobre os tipos de parto, sobre amamentação, etc.
Foi então que descobri o parto
humanizado, ou parto adequado. Sabendo que não teria condições de ter um bebê
em casa, decidi pelo parto adequado em um hospital que atendesse às minhas
necessidades.
Durante os meses que se passaram e
quanto mais perto do dia chegava, eu ficava mais animada, mas também mais
ansiosa, sem saber como seria.
Com 35 semanas de gestação comecei a
sentir dores muito fortes. Doía para sentar, doía para andar e nem sempre
melhorava quando me deitava. Decidi ir ao pronto atendimento e descobri que já
estava com dilatação e que o bebê estava encaixado. A médica disse que minha
gestação não chegaria até 38 semanas e por isso eu deveria fazer repouso.
Fiz o repouso recomendado mas ficava
ansiosa por saber que estava ainda mais perto de ver o rostinho do meu bebê.
Imaginava se minha bolsa iria estourar ou se apenas entraria em trabalho de
parto com as contrações. Na minha cabeça eu estava decidida a sentir todas as
dores que o parto pode proporcionar e então, cada vez que começava a sentir
contrações já pegava o relógio para marcar os intervalos.
E assim segui para a 36ª semana e depois
para a 37ª. Em uma das últimas consultas do pré-natal – entrando na 38ª semana
- minha médica sugeriu que eu fizesse caminhadas, alguns exercícios leves e até
faxina para que ajudasse naturalmente as contrações entrarem em “ritmo”.
Ao contrário do que a médica havia dito,
cheguei às 40 semanas. Exatamente neste dia comecei a sentir muitas contrações
fortes a cada 10 minutos. Como eu precisava ir ao hospital realizar a
cardiotocografia, decidi ir preparada para qualquer coisa.
Chegando lá fui atendida por uma médica
muito simpática e descobri que já estava com 3 cm de dilatação e fui
encaminhada à cardiotocografia, para então verificar como ficaria a situação.
Porém, nesse meio tempo o plantão do hospital mudou e meu retorno foi com outra
médica, que muito grosseiramente me disse que eu não estava de 40 semanas e que
minhas contrações não indicavam trabalho de parto, – não sei como ela achou
isso tendo em mãos todos os meus exames – e que deveria voltar no hospital em 2
dias para realizar uma nova cardiotocografia. Também disse que caso o bebê não
nascesse até as 41 semanas eu deveria realizar uma cesárea. Fiquei inconformada
com a atitude da médica e voltei para casa, ainda com dor e contrações.
Foi então que no dia seguinte –
06/10/2015 – comecei a sentir as contrações mais fortes e em intervalos curtos.
Comecei a contar eram 12:20 e então percebi que estavam acontecendo a cada 5
minutos. Como não queria ir para o hospital e correr o risco de voltar para
casa ou ser submetida a um monte de intervenções, fiquei em casa esperando que
o intervalo entre as contrações diminuísse.
Às 15:08 percebi que o intervalo estava
a cada 2 minutos e então pedi que meu marido me levasse ao hospital. Chegamos
lá muito ansiosos porque o grande dia tinha chegado. Eram 17:40
aproximadamente. Fui encaminhada à cardiotocografia e rapidamente iniciaram
minha internação. Subi para a sala de parto (LDR) às 18:50 e fui atendida por
uma equipe muito atenciosa. Estava decidida a não tomar anestesia, não receber
hormônios, amamentar na primeira hora, etc.
Porém, perto das 20:00 as dores estavam
realmente muito fortes e ainda estava com apenas 3 cm. Fui para a banheira para
ver se ajudava e às 20:40 já estava com 6 para 7 cm. Não aguentei e me
entreguei à analgesia. Às 21:00 estava anestesiada e aliviada por poder poupar
forças para o momento do nascimento. Infelizmente, nem tudo ocorre como sempre
sonhamos. Alguns minutos após a analgesia fui conectada à cardiotocografia
novamente e então o médico percebeu uma queda nos batimentos cardíacos do meu
bebê a cada contração. Como havia passado um certo tempo e ele não recuperava
os batimentos, o médico disse que seria necessário o rompimento da bolsa.
Estava com 8 cm e então veio a grande surpresa: meu bebê não havia descido
totalmente e o líquido estava cheio de mecônio (3 +++ em 4). O protocolo do
hospital era realizar uma cesárea de emergência e naquela altura do campeonato
eu não arriscaria a vida do meu bebê, que poderia aspirar esse mecônio na
passagem do canal de parto.
Fui encaminhada à sala de cirurgia às
21h40, estava nervosa, ansiosa e sim, morrendo de medo. Porém, meu marido, com
todo seu amor e atenção, ficou ao meu lado, me tranquilizando, dizendo que tudo
ia ficar bem. Às 22:08 nasceu meu pequeno príncipe, com 3,385kg e 48,5cm.
Escutei seu chorinho e logo colocaram ele ao meu lado. Não pude pegá-lo como
gostaria e tão pouco amamentá-lo, pois havia engolido muito mecônio e foi
submetido à uma lavagem estomacal.
Nada foi como sonhado, nada foi como
planejado. O fato é que às vezes tudo muda e precisamos estar abertas para essa
mudança. Não valia a pena arriscar a vida do meu bebê. Durante os 3 dias que
ficamos na maternidade ele vomitou mecônio e sangue por diversas vezes. Fico
pensando, se isso já me tirou a paz, imaginem se ele tivesse aspirado o
mecônio? Como seria se ele tivesse ficado na UTI porque eu não queria abrir mão
do meu “sonho” de parto adequado?
Não é fácil ser submetida aquilo que
você não desejaria, mas durante a gravidez é necessário colocar na balança
todas as coisas. Pensar em tudo o que pode acontecer para não se frustrar caso
não ocorra como você sonhou.
Pense bem, faça suas escolhas, mas
esteja aberta para mudanças de última hora.
Autora: Elisa P. Domingues - Pedagoga, Especialista em Alfabetização e Letramento na infância.
Autora: Elisa P. Domingues - Pedagoga, Especialista em Alfabetização e Letramento na infância.