Paradoxos do último trimestre:
Queria que ele nascesse pq não
aguentava mais o peso da gravidez
Queria que ele voltasse pra barriga
pq não sabia o que fazer com o peso das minhas pálpebras
A pessoa mais horrorosa dessa terra
quando me vejo no espelho
A pessoa mais linda da galáxia quando
ele me vê
Quando estou em casa quero sair
Quando saio não vejo a hora de voltar
Vontade de morrer
Vontade de viver para sempre
Dor insuuuuupoooortaaaaaaaaável da
amamentação
Cura imediata quando mamando ele me
olha
Desamparo hospitalar
Amparo familiar
Perda da sua identidade
Ganho do seu sentido
Vontade louca de vê-lo dormir
Vontade louca de acordá-lo
Querer viver para si novamente
Querer viver para ele inteiramente
Dores insuportáveis na lombar por
carregá-lo
Não conseguir ficar sem ele no meu
abraço
A
romantização excessiva da maternidade nesse mundo “fake” me fez me sentir uma
péssima mãe, culpada por querer fugir e morrer em vários momentos, impotente
diante de dores excessivas do pós-parto, egoísta em querer ter tempo para comer
e fazer minhas necessidades físicas em mais de 40 segundos.
A
maternidade revelou o pior de mim, me revelou como ajo sobre pressão, com dor,
e privada do sono por meses. Me mostrou que não sou boazinha como pensava, e
nem controlada como eu imaginava. Se eu soubesse de tudo que eu iria passar ate
chegar aqui, eu te garantiria que não teria estrutura. Ouvi muitas vezes
“Quando nasce um bebê, nasce uma mãe” e descobri que é uma falácia! Meu botão
do sexto sentido veio queimado! Eu me construo como mãe, ele nasceu e eu não
sabia identificar o choro, não sabia quando era dor, quando era fome, não sabia
o que fazer quando a enfermeira o trouxe, perguntei a ela quando o levaria pro
berçário pra eu dar uma dormida pq estava morta –Ele não volta para o berçário,
mãe! (Hahaha aôôooo inocência!)... não sabia. Nós dois choramos em três meses o
estoque de lágrimas de uma vida toda! Nos descobrimos aos poucos, nos acalmamos
aos poucos, as cólicas estão passando aos poucos, as dores no meu corpo tb.
Agora nos conhecemos mais!
Mas a
maternidade também me mostrou o melhor de mim! Eu não sabia que em meio à tanta
fragilidade teria uma força avassaladora em continuar, uma resistência
construída na dor, perseverança regada com lágrimas. A maternidade me provou
que é possível ser forte e sensível. Me mostrou que por mais pavoroso que pareça
é ótimo não ter o controle de tudo, recorri a Deus com uma nova relação de
dependência . Os momentos onde mais consegui sentir Deus presente, família e
amigos de verdade foi agora, sendo mãe. Que poder o amor tem!
Descobri que NÃO EXISTE REGRA bebê
não é bolo.. faz uma receitinha e páh! Dá certo!! Cada um é único, existem
coisas que dão certo, outras vc vai se lascar para descobrir sozinha, outras
não vai descobrir querida..esquece! vai ter que se adaptar. Fiz amizade com
mães desconhecidas em filas, recebi ajuda para carregar compras no carro,
descobri solidariedade em mulheres mães.. sorrimos umas para outras na rua
mesmo sem nos conhecer, porque no fundo sabemos o significado do que é ser
mãe.. e que apesar de tantos paradoxos, que apesar de tantos conflitos, tantas
lágrimas e incompreensões FARÍAMOS EXATAMENTE TUDO DE NOVO POR ESSE AMOR LOUCO
E INCONDICIONAL! E SIM! CHORAREI POR UMA PLAQUINHA DE CORAÇÃO COM MEU FILHO
DESENGOMANDO A CUEQUINHA!
Que venha a vidaaa!!!
Autora: Beth Costa