sábado, 31 de março de 2018

POR QUE TODA MÃE É LOUCA?

Tinha 17 anos quando cheguei a conclusão assistindo uma apresentação de dia das mães na escola.. as crianças levantavam plaquinhas com coração, outras nem isso, não sabiam a música de cor, algumas ficavam olhando o coração ou desengomando a calcinha da bunda e esquecendo da mãe.. e as mães? CHORAVAM LITROS!! A resposta veio aos 31.

Paradoxos do último trimestre:
Queria que ele nascesse pq não aguentava mais o peso da gravidez
Queria que ele voltasse pra barriga pq não sabia o que fazer com o peso das minhas pálpebras
A pessoa mais horrorosa dessa terra quando me vejo no espelho
A pessoa mais linda da galáxia quando ele me vê
Quando estou em casa quero sair
Quando saio não vejo a hora de voltar
Vontade de morrer
Vontade de viver para sempre
Dor insuuuuupoooortaaaaaaaaável da amamentação 
Cura imediata quando mamando ele me olha
Desamparo hospitalar
Amparo familiar
Perda da sua identidade
Ganho do seu sentido
Vontade louca de vê-lo dormir 
Vontade louca de acordá-lo
Querer viver para si novamente
Querer viver para ele inteiramente
Dores insuportáveis na lombar por carregá-lo
Não conseguir ficar sem ele no meu abraço

A romantização excessiva da maternidade nesse mundo “fake” me fez me sentir uma péssima mãe, culpada por querer fugir e morrer em vários momentos, impotente diante de dores excessivas do pós-parto, egoísta em querer ter tempo para comer e fazer minhas necessidades físicas em mais de 40 segundos. 

A maternidade revelou o pior de mim, me revelou como ajo sobre pressão, com dor, e privada do sono por meses. Me mostrou que não sou boazinha como pensava, e nem controlada como eu imaginava. Se eu soubesse de tudo que eu iria passar ate chegar aqui, eu te garantiria que não teria estrutura. Ouvi muitas vezes “Quando nasce um bebê, nasce uma mãe” e descobri que é uma falácia! Meu botão do sexto sentido veio queimado! Eu me construo como mãe, ele nasceu e eu não sabia identificar o choro, não sabia quando era dor, quando era fome, não sabia o que fazer quando a enfermeira o trouxe, perguntei a ela quando o levaria pro berçário pra eu dar uma dormida pq estava morta –Ele não volta para o berçário, mãe! (Hahaha aôôooo inocência!)... não sabia. Nós dois choramos em três meses o estoque de lágrimas de uma vida toda! Nos descobrimos aos poucos, nos acalmamos aos poucos, as cólicas estão passando aos poucos, as dores no meu corpo tb. Agora nos conhecemos mais!

Mas a maternidade também me mostrou o melhor de mim! Eu não sabia que em meio à tanta fragilidade teria uma força avassaladora em continuar, uma resistência construída na dor, perseverança regada com lágrimas. A maternidade me provou que é possível ser forte e sensível. Me mostrou que por mais pavoroso que pareça é ótimo não ter o controle de tudo, recorri a Deus com uma nova relação de dependência . Os momentos onde mais consegui sentir Deus presente, família e amigos de verdade foi agora, sendo mãe. Que poder o amor tem!

Descobri que NÃO EXISTE REGRA bebê não é bolo.. faz uma receitinha e páh! Dá certo!! Cada um é único, existem coisas que dão certo, outras vc vai se lascar para descobrir sozinha, outras não vai descobrir querida..esquece! vai ter que se adaptar. Fiz amizade com mães desconhecidas em filas, recebi ajuda para carregar compras no carro, descobri solidariedade em mulheres mães.. sorrimos umas para outras na rua mesmo sem nos conhecer, porque no fundo sabemos o significado do que é ser mãe.. e que apesar de tantos paradoxos, que apesar de tantos conflitos, tantas lágrimas e incompreensões FARÍAMOS EXATAMENTE TUDO DE NOVO POR ESSE AMOR LOUCO E INCONDICIONAL! E SIM! CHORAREI POR UMA PLAQUINHA DE CORAÇÃO COM MEU FILHO DESENGOMANDO A CUEQUINHA! 

Que venha a vidaaa!!! 


Autora: Beth Costa