quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

CONSUMO DE PLACENTA: ESSA PRÁTICA É RECOMENDADA?


O consumo de placenta após o parto é uma prática que vem sendo difundida recentemente, porém muito pouco se fala a respeito de seus malefícios. Por isso, separamos algumas informações super importantes a respeito do assunto, publicadas por Sarah Hollister, sobre as implicações que isso traz à saúde.
A placenta é encapsulada e ingerida após o parto.  Essa “moda” é difundida como sabedoria ancestral, mas na realidade, surgiu nos anos 70 e passou a ser mais conhecida em 2005, quando se tornou mais popular.

Mas afinal, quais são as implicações? Seguem algumas:

Atraso no início da produção do leite
Geralmente o leite materno “desce”, o que chamamos de apojadura, entre 48 e 72 horas após o parto. 
Isso acontece, pois após a saída da placenta no parto, um hormônio chamado de progesterona tem queda de seus níveis, permitindo que outro hormônio, a prolactina, responsável pelo aumento da produção de leite, aumente seus níveis.

Quando a mulher ingere a placenta após o parto, passa a inibir a prolactina e por sua vez a produção adequada de leite. Algumas mulheres mantém a produção de leite suficiente mesmo com as alterações hormonais mas muitas podem vir a enfrentar dificuldades com a amamentação.

De acordo com a especialista, os comprimidos de placenta suprimem a oferta de leite materno em aproximadamente 50%.

Não há benefícios nos índices de ferro nas mulheres que consumiram placenta encapsulada
É o que concluiu-se em um estudo realizado em 2016 por Gryder et al.

Mudanças no estado hormonal
As cápsulas de placenta retém dois hormônios que permanecem ativos após todo o processo de desidratação e encapsulamento. São eles a progesterona e o estrogênio. Ingeri-los pode alterar o estado hormonal da mulher.

Dessa forma, a mulher se expõe à outros riscos, como é o caso do tromboembolismo por aumento de estrogênio, semelhante ao que ocorre durante o uso de anticoncepcionais combinados.

Indicação como inibidor de desenvolvimento de depressão pós-parto

A mulher que está no processo conhecido como blues puerperal não está incluída no diagnóstico de depressão pós-parto. Muitas mulheres defendem que a ingestão de placenta impede que desenvolvam o problema. Porém os hormônios presentes durante a gravidez no organismo de uma mulher devem permanecer lá somente durante essa fase específica.

Não há comprovação científica que confirme o funcionamento da ingestão para esse fim, pelo contrário, como os hormônios ingeridos influenciam na produção de leite materno, a mulher pode vir a desenvolver problemas de amamentação e piorar seu estado emocional, podendo assim levar à uma depressão pós-parto.

Há ainda conseqüências para o recém-nascido:
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças emitiu um alerta com relação à um RN que desenvolveu infecção após ter sido amamentado por sua mãe que ingeriu placenta contaminada. Esse é mais um motivo para evitar a ingestão de cápsulas, evitar o encapsulamento e ingestão de patógenos infecciosos.

Tendo dito isso, é importantíssimo que a mulher seja empoderada e protagonista de todas as decisões de seu trabalho de parto e pós-parto, porém é vital também entender que precisamos de comprovação científica para apoiar algumas práticas. No caso, tendo em vista a comprovação de tantos malefícios, recomendamos que a prática seja evitada.

Autora: Cristina Volcov - Ms. Enfermeira Obstetra
Esse texto foi baseado no artigo de Sarah Hollister, RN, PHN, IBCLC

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