O consumo de placenta após o parto é uma prática que
vem sendo difundida recentemente, porém muito pouco se fala a respeito de seus
malefícios. Por isso, separamos algumas informações super importantes a respeito
do assunto, publicadas por Sarah Hollister, sobre as implicações que isso traz
à saúde.
A placenta é encapsulada e ingerida após o parto. Essa “moda” é difundida como sabedoria
ancestral, mas na realidade, surgiu nos anos 70 e passou a ser mais conhecida
em 2005, quando se tornou mais popular.
Mas afinal, quais são as implicações? Seguem
algumas:
Atraso
no início da produção do leite
Geralmente o leite materno “desce”, o que chamamos
de apojadura, entre 48 e 72 horas após o parto.
Isso acontece, pois após a
saída da placenta no parto, um hormônio chamado de progesterona tem queda de
seus níveis, permitindo que outro hormônio, a prolactina, responsável pelo
aumento da produção de leite, aumente seus níveis.
Quando a mulher ingere a placenta após o parto,
passa a inibir a prolactina e por sua vez a produção adequada de leite. Algumas
mulheres mantém a produção de leite suficiente mesmo com as alterações
hormonais mas muitas podem vir a enfrentar dificuldades com a amamentação.
De acordo com a especialista, os comprimidos de
placenta suprimem a oferta de leite materno em aproximadamente 50%.
Não
há benefícios nos índices de ferro nas mulheres que consumiram placenta
encapsulada
É o que concluiu-se em um estudo realizado em 2016
por Gryder et al.
Mudanças no estado hormonal
As cápsulas de placenta retém dois hormônios que permanecem ativos após todo o processo de desidratação e encapsulamento. São eles a progesterona e o estrogênio. Ingeri-los pode alterar o estado hormonal da mulher.
Dessa forma, a mulher
se expõe à outros riscos, como é o caso do tromboembolismo
por aumento de estrogênio, semelhante ao que ocorre durante o uso de
anticoncepcionais combinados.
Indicação como inibidor
de desenvolvimento de depressão pós-parto
A
mulher que está no processo conhecido como blues puerperal não está incluída no
diagnóstico de depressão pós-parto. Muitas mulheres defendem que a ingestão de
placenta impede que desenvolvam o problema. Porém os hormônios presentes
durante a gravidez no organismo de uma mulher devem permanecer lá somente
durante essa fase específica.
Não
há comprovação científica que confirme o funcionamento da ingestão para esse
fim, pelo contrário, como os hormônios ingeridos influenciam na produção de
leite materno, a mulher pode vir a desenvolver problemas de amamentação e
piorar seu estado emocional, podendo assim levar à uma depressão pós-parto.
Há ainda conseqüências para o recém-nascido:
O Centro de Controle
e Prevenção de Doenças emitiu um alerta com relação à um RN que desenvolveu
infecção após ter sido amamentado por sua mãe que ingeriu placenta contaminada.
Esse é mais um motivo para evitar a ingestão de cápsulas, evitar o
encapsulamento e ingestão de patógenos infecciosos.
Tendo
dito isso, é importantíssimo que a mulher seja empoderada e protagonista de
todas as decisões de seu trabalho de parto e pós-parto, porém é vital também
entender que precisamos de comprovação científica para apoiar algumas práticas.
No caso, tendo em vista a comprovação de tantos malefícios, recomendamos que a
prática seja evitada.
Autora: Cristina Volcov - Ms. Enfermeira Obstetra
Esse texto foi baseado no artigo de Sarah Hollister, RN, PHN, IBCLC:
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